Em 29 de outubro de 1945, Getúlio Vargas foi deposto sem tiros, sem barricadas e sem insurreição popular — e esse silêncio marca o início de um padrão brasileiro: as grandes rupturas políticas quase nunca nascem das ruas, mas dos pactos de elites que decidem o fim de um ciclo do poder antes que o país perceba. A queda do Estado Novo acontece no mesmo ano em que o boogie woogie chega ao Brasil pelo rádio. O Brasil mudava de regime… ao mesmo tempo em que mudava de ritmo. Getúlio cairia, voltaria eleito em 1951, e deixaria a vida em 1954 – adiando, segundo muitos historiadores, o golpe militar por dez anos.
Neste episódio, Relatos – A Estação da História revisita a cena do Catete, o diálogo final entre Vargas e Cordeiro de Farias, o Queremismo, a Novembrada de Lott e o nascimento de um modelo de ruptura que atravessaria 1954, 1955 e chegaria a 1964. Porque a História brasileira não costuma mudar quando o povo grita – ela muda quando poucos, nos bastidores, decidem. Ouça, reflita e compare.
