Há 64 anos, em 15 de dezembro de 1961, chegava ao fim, em Jerusalém, um dos julgamentos mais importantes do século XX: o de Adolf Eichmann, um dos principais organizadores do Holocausto. Após oito meses e mais de cem sessões, o tribunal israelense o considerou culpado por crimes contra o povo judeu, crimes contra a humanidade e crimes de guerra. O processo não julgou apenas um homem, mas expôs ao mundo a engrenagem burocrática do genocídio nazista. Transmitido por rádios, jornais e televisões, o julgamento deu voz às vítimas e sobreviventes. Também inspirou Hannah Arendt a formular o conceito da “banalidade do mal”. Mais do que justiça, o caso Eichmann tornou-se um marco da memória histórica. Um alerta permanente sobre obediência, burocracia e responsabilidade individual.
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Cinquenta anos após sua morte, Hannah Arendt permanece como uma das vozes mais agudas para compreender o século XX – e o nosso tempo. Judia alemã, intelectual brilhante, viveu amores controversos, como o romance com Heidegger, e amizades profundas, como a de Walter Benjamin. Fugiu da Alemanha nazista, foi internada em Gurs, atravessou a Espanha franquista e escapou pela última rota possível rumo aos EUA. Sua condição de apátrida e o suicídio de Benjamin marcaram sua obra para sempre. Autora de As Origens do Totalitarismo e da ideia da “banalidade do mal”, Arendt desafiou ortodoxias e recusou rótulos. Meio século depois, sua lucidez ainda ilumina a pergunta central de nosso tempo: como permanecer humano diante das forças que querem nos desumanizar?
A verdade foi assassinada aos poucos e substituída por um projeto calculado: a mentira como arma política. De Goebbels a Steve Bannon, falsidades moldaram medos, criaram inimigos e sustentaram regimes. Na era da pós-verdade, fake news se espalham mais rapidamente que os fatos e corroem democracias, como no ataque ao Capitólio e na invasão à Praça dos Três Poderes, em Brasília, em 8 de janeiro de 2023. Defender a verdade, hoje, é mais que um dever: é um ato de resistência.
