Em 13 de dezembro de 1968, o Brasil mergulhou oficialmente na ditadura. O Ato Institucional nº 5 concentrou poderes absolutos no Executivo, fechou o Congresso, suspendeu direitos políticos e eliminou garantias fundamentais. Ao impedir o controle judicial e suspender o habeas corpus, o AI-5 institucionalizou a repressão, a censura e a violência de Estado. Nesta matéria especial, Relatos revisita os 57 anos do AI-5 e explica, de forma didática, o que define uma ditadura – e por que lembrar esse período é essencial para a defesa da democracia.
Categoria: DITADURA
João Goulart morreu há 49 anos, mas os mitos que cercam sua figura continuam moldando a memória do golpe de 1964. Acusado injustamente de comunista, tachado de fraco e responsabilizado por um suposto caos econômico, Jango foi, na verdade, um líder moderado, legalista e profundamente comprometido com reformas sociais que poderiam ter mudado o Brasil. Neste perfil histórico, desmontamos dez mitos que marcaram sua trajetória – das relações com o getulismo ao enigma de sua morte no exílio. Uma revisitação necessária a um presidente que o país ainda não compreendeu por completo.
Cinquenta anos após sua criação, a Operação Condor revela-se mais do que um pacto entre ditaduras: foi a maior rede de repressão transnacional da história sul-americana. De 1975 aos anos 1980, governos do Cone Sul coordenaram sequestros, torturas, assassinatos e os sinistros ‘voos da morte’. Documentos recém-expostos mostram que o Brasil não foi coadjuvante, mas peça ativa na engrenagem – da troca de informações ao silêncio diplomático sobre desaparecidos. Este episódio reconstrói, em detalhes, como funcionou a máquina continental do terror e por que sua memória ainda é uma ferida aberta.
Francisco Tenório Cerqueira Júnior, o Tenório Júnior, foi um dos grandes talentos do samba-jazz brasileiro dos anos 60. Pianista refinado, dividia-se entre a música e a faculdade de Medicina. Em março de 1976, viajou a Buenos Aires para acompanhar Vinícius de Moraes e Toquinho em uma turnê. Na noite de 18 de março, saiu do hotel para comprar um remédio e nunca mais voltou. Seu desaparecimento ocorreu às vésperas do golpe militar argentino, em um clima de patrulhas, sequestros e repressão. Durante décadas, só restaram rumores de que teria sido levado à ESMA e executado. Em setembro de 2025, a Equipe Argentina de Antropologia Forense confirmou a identificação de seu corpo, encontrado com múltiplos disparos. Sua morte é lembrada como símbolo das vítimas inocentes da ditadura e da Operação Condor.
Em 11 de setembro de 1973, a democracia chilena tombou sob tanques e fogo. Salvador Allende resistiu até o fim, mas a ordem de Nixon e Kissinger era clara: fazê-lo cair. Daí nasceu a DINA, polícia secreta de Pinochet, comandada por Manuel Contreras. Seu braço mais letal foi Michael Townley, americano convertido em assassino da ditadura. Bombas em Buenos Aires e Washington, tiros em Roma, venenos em Santiago – o terror não tinha fronteiras. Townley montou laboratório de gás sarin, comandou equipes de execução e relatou tudo em “Confissão e Acusação”.
Décadas depois, documentos revelam como o Chile transformou o assassinato em política de Estado. E como as sombras da intervenção estrangeira ainda rondam as democracias latino-americanas.
Neste episódio de Relatos – A Estação da História, contamos a trajetória de José Porfírio de Souza, líder camponês e deputado estadual em Goiás, que se tornou símbolo da resistência à ditadura militar brasileira. Nascido no interior, com pouca instrução formal, Porfírio desafiou grileiros, coronéis e o regime autoritário. Após ser cassado em 1964, protagonizou uma fuga épica pelos rios Canabrava e Tocantins. Preso em 1972, foi libertado por habeas corpus e, em 1973, desapareceu misteriosamente. Seu nome entrou para a lista de assassinados por ação de agentes do Estado brasileiros duas décadas depois.
O Brasil volta a flertar com o esquecimento ao discutir a anistia de envolvidos na tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023. A história mostra que perdoar golpistas é abrir espaço para novas conspirações. Um exemplo emblemático é o do militar Haroldo Veloso, que, após duas anistias, voltou a tramar contra a democracia. Neste episódio, o podcast Relatos – A Estação da História mostra os perigos de repetir erros do passado.
Golpe de estado que começa com pretexto de livrar o país de algum tipo de autoritarismo cai exatamente no abismo que promete evitar. Portanto, não confiem em boas intenções de golpistas. A lição da História mostra exatamente isso.
Como foi a última eleição indireta para presidente da República, em que Tancredo Neves derrotou o candidato da ditadura militar. O evento marca 40 anos de redemocratização – o fim de uma era e o começo de outra.
Em plena tensão da Guerra Fria, os EUA montaram um plano de contingência para ajudar os conspiradores do golpe de 1964 no Brasil. O objetivo era garantir suprimentos e apoio logístico, caso rolasse resistência. Tudo para manter a influência norte-americana na América Latina, mesmo que isso significasse violar a soberania de outro país.
